Este é tempo de partido, tempo de homens partidos. Em vão percorremos volumes, viajamos e nos colorimos. A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua. Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. As leis não bastam. Os lírios não nascem (...) O poeta declina de toda responsabilidade na marcha do mundo capitalista e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas promete ajudar a destruí-lo como uma pedreira, uma floresta, um verme. ( "Nosso Tempo" - Drummond)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Jornal dos Lagos , Alfenas e Eu pelo Mundo


“Mineiro sai de Minas. Mas Minas não sai da gente”. Faz dez anos que saí para São Paulo. Lá senti e fizeram-me sentir mais mineiro. De tempos em tempos preciso de uns dias em Minas, em Alfenas. Se não o mundo torna-se, a mim, intolerante, e eu a ele. Não é só voltar para cidade natal. É voltar para a Home Squared (Lar ao Quadrado), – expressão usada no Quênia (segundo relato de Barack Obama quando visitou a terra de sua família paterna), que diz respeito à casa no interior, o lugar de onde vem nossa família, ao nosso lar ancestral.
Uma vez, meu pai observou que mesmo eu ficando meses longe de Alfenas, voltando, estava mais informado sobre a cidade do que ele, leitor sagrado de jornais. Porém eu me fiz leitor compulsivo e gostaria aqui de prestar minha homenagem à este Jornal dos Lagos por manter por quase dez anos, sua página na internet. Sabemos do esforço que manter um jornal significa. Mais ainda mantê-lo na Internet com acesso livre. Poucas cidades do porte de Alfenas tem este privilégio e possibilitam aos filhos da cidade que caem no mundo o encontro com ela em qualquer lugar e a qualquer hora ao seu redor.
Angustio-me quando as notícias demoram para serem atualizadas em relação à data da edição impressa. Surpreendi-me, com grande prazer, quando vi piscando um link escrito “últimas notícias’.
Graças a isso, não perco o bonde da história de minha cidade passando enquanto não estou nele. Também não preciso mais pedir para meus pais e irmãs guardarem edições antigas por meses ou enviá-las pelo correio .
Parabéns a todos os profissionais envolvidos em todo este trabalho de reportagem, pauta, edição, pesquisa, e pela atualização com grande qualidade visual, superior a muitos sites de jornais com abrangência nacional, da sua versão On-Line. Graças a vocês este desgarrado da terra permanece ligado à ela. Esteja onde estiver, estarei um pouco em Alfenas e ela, comigo.
Texto publicado em: http://www.jornaldoslagos.com.br/jlagos/dat/doc/suce.pdf

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Obama: O Herói do Século XXI?


Quando Obama se elegeu o homem mais poderoso do mundo fui atrás de ler sua autobiografia a fim de descobrir ou ao menos conseguir pistas de sua trajetória pessoal que explicassem os caminhos pelo qual chegou à presidência de forma tão meteórica. Entre as várias experiências e aventuras, chama a atenção seus pais terem se conhecido no Hawaí. Fosse em algum ponto do Velho Oeste americano, poucos anos antes, poderiam seus pais, mãe “branca como leite”, e pai queniano, terem sido enforcados, queimados, e fotografados para estamparem postais.
Mesmo depois de ler seu livro “A origem dos meus sonhos”, não é fácil apreender como seus “sonhos” o levaram tão longe – a não ser o fato dele ter se tornado um homem de trajetória e valores cosmopolitas enquanto o mundo e seus donos se mexiam para ficar no mesmo lugar.
Normalmente as lideranças políticas têm uma mesma trajetória até o poder: ou pertencem à famílias tradicionais de políticos (como o governador de Minas, Aécio Neves), ou foram líderes sindicais / estudantis (Lula, José Serra), ou ainda pertencem à famílias “tradicionais” (diga-se ricos e oligárquicos) que sustentam seu poder político através do poder econômico numa comunidade pobre (Sarney). Por fim, hás os ditadores: Hitler, Stálin, Médice. Mas nenhum deles se sustentaria no poder não fossem seus atributos de homens públicos, mesmo os mais sanguinários, pois afinal, tem apoio de uma parte importante da sociedade.
Mas e Obama? Lá em meados dos anos 80 ele trabalhava numa ONG organizando comunidades de bairros pobres na periferia de Chicago. Com apenas um assistente, um carro velho, e um modestíssimo salário; batendo de porta em porta, convocando pais e mães de alunos de escolas do bairro para se reunirem a fim de pressionar o poder público para melhorar a estrutura física das escolas, ou o departamento de infra-estrutura da prefeitura para trocar o encanamento com canos de amianto (cancerígenos) dos prédios mais antigos.
Hoje, por mais que diga em diversas entrevistas que gostaria de ter um problema por vez, ele precisa lidar ao mesmo tempo com as ameaças nucleares de um delinqüente norte-coreano, duas guerras, evitar o colapso do capitalismo norte-americano, o aquecimento global , além de evitar pegar um resfriado – já que um espirro seu pode criar uma pneumonia em meio mundo.
Mas ele não abre mão de tempo para as duas filhas, brinca com o cachorro e ainda mobiliza a CIA e o FBI para levar sua esposa, Michele, a um jantar romântico em Nova York e depois a um show na Broadway.
E não enganem: mesmo com todo o seus charme ele não é do tipo que não faz mal a uma mosca.
...E enquanto isso, no Brasil, temos que ver a m... que virou a política brasileira. Sempre fui pelo PT, mas daí é muita palhaçada pra ficar no poder. A seguir coluna de Eliane Cantanhede: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u592118.shtml

DESABAFO: Educação para a Barbárie "Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura se é verdade..."

o horror era na travessia dos navios que traziam escravizados da África para o Brasil. Hoje, esta frase me vem constantemente à mente quando estou dentro da Escola. Tentando administrar conflitos, ou quando converso com colegas de faculdade que também tornaram-se professores e estão, como eu, submetidos a uma série de frustações, violência, humilhações, conflitos de uma sociedade corrompida como a nossa , encarnados na Escola, no dia a dia da Escola, diga-se bem.
Bem, é um exagero comparar a crise na Educação Brasileira com o horror dos Navios Negreiros de Castro Alves. Mas acho que é hora de exagerarmos mesmo. Sermos radicais, irmos a raíz. A história do Brasil, de boa parte dele, de quase quatrocentos anos dele, se fez através desses navios. Somos esta história. A escola que eu vejo não é uma ponte para a evolução. A verdadeira escola que vejo, que trabalho, que estudo, é uma Instituição que exclui, discrimina, ignora. O que pode ser pior numa sociedade do que uma Instituição que deveria ser o locus, por excelência, da superação e da evolução de uma sociedade. O local ideal para e equalização das desigualdades economicas, sociais e históricas. Mas que, ao invés disso, se transforma numa das esferas mais violentas, e locus privilegiado de exclusão e manuntenção e reprodução de nosso país nascido sobre tanto "horror perante o céu"?
Quem sabe assim chamaremos a atenção para o absurdo da Educação básica nacional para o Absurdo das condições de trabalho do professor, que estamos todos ficando doentes. As vezes, quando saio de algumas aulas, fico imaginando se há alguma trabalho pior do que esse. Trabalho, diga-se bem, não luta pela sobrevivência, como milhares de brasileiros tem que fazer dia e noite para sobreviver e manter a dignidade para não ir para o crime (talvez até com razão...).
Senão, que tipo de trabalho, um único indivíduo, com diploma universitário, tem que entrar numa sala, com trinta, quarenta ou cinquenta outros individuos totalmente diferentes, mas se relacionando coletivamente. Ensinar a todos, ao mesmo tempo, o mesmo conteúdo. Que sabemos, não tem muito a ver com suas vidas. Ainda mais se a "clientela" da escola for oriunda de regiões pobres, senão miseráveis, e com profundas crises sociais. E tudo isso encarnado no aluno, no professor, na direção, nos funcionários. Enquanto estamos perto do computador quântico, escolas não tem Giz. Enquanto os alunos tem acesso fácil e barato a todo tipo de tecnologia digital, midiática, maravilhosa, temos que dar conta de um conteúdo que não lhes diz respeito. Enquanto os alunos tem acesso e convívio com todo tipo de violência e desestrutura familiar e social, temos todos que fazê-los sentar em filas, quietos e fazê-los aprender. Quando eu era aluno, o conteúdo da escola também não me dizia respeito. Mas ainda sim, havia duas coisas que hoje são raras. Primeiro, tínhamos a sede do Conhecer. Segundo, querendo ou não, tínhamos que estudar, caso contrário, reprovávamos, sem dó nem piedade. E esta responsabilidade já havia em nós. Com onze, doze anos, tínhamos já o peso da responsabilidade de não ser reprovado. Hoje... alunos de quarta série tem consciência de que não precisam estudar pra passar de ano. Puxa Vida, se nem na faculdade a gente estuda se não for obrigado pelo professor, é muita estupidez achar que uma criança vai estudar sem nenhum tipo de "incentivo".
O discurso moderno da violência que era a repetência é bonito. Mas tão estúpido quanto a repetência, da qual eu próprio tive duas experiências, é seu extremo contrário: a nossa famosa Progressão Continuada.
Isso daria um livro. mas basta dizer que é um projeto de governo do PSDB paulista, e reverendado por toda a população pelo voto, de fazer o Brasil ter índices de desenvolvimento equivalentes a "países desenvolvidos", como afirma a secretária de Educação.
Pois é.... Se Marx ficou famoso porque inverteu a lógica da dialética de Hegel. os tucanos entrarão para a história como os que inverteram a lógica do conceito de Infra/Super Estrutura de Marx. Quer dizer, primeiro nós temos que alcançar os índices de países desenvolvidos, depois... estes índices alterarão as reais condições de nossa sociedade.
Acontece que o preço dessa maquiagem sairá caro, em pouco tempo. Se vivemos já numa sociedade autoritário, profundamente marcada pela violência da desigualdade econômica, individualista, este projeto de Educação que a sociedade do Estado de São Paulo está implantando através do PSDB...... estamos educando para a Barbárie. E todos os professores, querendo ou não, somos coniventes com isso.
Claro, há alternativas, nem tudo está perdido. Mas minha realidade não é essa. É é dela que devo falar. De alunos do terceiro ano do ensino médio que nunca leram nenhum livro na vida. De alunos da quinta série, qua não sabem ler, escrever, e ainda assim, tiram boas notas em Língua Portuguesa. Ah, e lógico, indiferente das notas, passarão de ano. De professores que são agredidos constantemente pelos alunos, pois alguém vai ter que receber de volta toda esta violência da sociedade que eles recebem: dos pais, dos amigos, da mídia, da sociedade de consumo, da escola, do tráfico, do trânsito (pois ainda não sei como não morreu nenhum dos alunos no caminho de nossa escola). Aí acontece o seguinte: em escolas públicas o professor desiste de querer ensinar. Fica doente. E torna a relação com o aluno tão violenta quanto. Ou então ignora a situação, pois, "o que podemos fazer", assim que é, e assim será. Prova disso é que boa parte dos filhos dos professores e DIRETORES ( atestado de incompetência) estudam em escolas particulares. Que por sua vez, tem em sua clientela os filhos da classe média alta, ou da elite econômica - daquela que mandava vir os Navios, e que, por estarem pagando o salário do professor, acham que este tem que se sujeitar a todo tipo de humilhação que seus filhinhos, futura elite do Brasil, podem lhe submeter. E não são poucas... Resultado: Se o professor da escola pública, que sofre a violência, pode ao menos verbalizá-la, seja contra o aluno, seja à seus responsáveis, o professor da escola particular ainda tem que pedir desculpas quando reage a alguma humilhação ou violência.
Mas não acho que os professores somos somente vítimas disso. Também estamos entre os maiores responsáveis.

GREVE E GUERRA NA ESCOLA

(Escrevi este texto antes da greve de outono de 2008, nem me lembro.) Gostaria muito que a atuação da APEOESP provasse o contrário desta vez Inclusive continuei associado, e pagando o sindicato, mesmo sendo politicamente contrário a esta greve. Bom... neste mês vou lá pedir minha desfiliação...

Já virou Rotina. Todo o ano a secretaria de educação do estado de São Paulo cria alguma mudança no Sistema de Ensino e o Sindicato decreta greve. É sempre o "Mais do Mesmo". Mudança, Contestação e Acomodação pra tudo continuar como está.Vejam eu. Estou a quatro anos e meio dando aulas, e como a maioria dos professores, sofro com a minha profissão e acho difícil haver outras que provoquem tamanho sofrimento – quem, como eu, é professor da rede estadual sabe que não é exagero. Às vezes uma vontade de abrir a porta da sala de aula, e sair, andar, andar e andar, pra escapar do sofrimento e não descontar na mesma moeda o desrespeito, a violência, a provocação que a sociedade, o Estado, os responsáveis pela administração do sistema e os alunos, do infantil ao terceiro ano, nos fazem suportar em nosso ambiente de trabalho.E apesar disso tudo nós, professores, ainda acreditamos na Educação. Podemos estar acomodados. Tentar nos adaptar às mudanças das políticas públicas partidárias da Educação. E mesmo nesse palco de absurdo, contentar-nos com as migalhas quando vemos em pelo menos um aluno que estamos sendo peça fundamental no seu desenvolvimento psíquico, cognitivo, e emocional.Pois bem, enquanto classe docente, temos um Sindicato grande, estruturado, e representativo – a APEOESP. Que tem suas escolhas de atuação política. Escolhas estas referendadas pelo voto da maioria na escolha dos seus dirigentes. Por exemplo, a escolha de defender os interesses da classe pela via da negociação, e só depois a greve. Mas não greve para contestar toda uma Política Pública Partidária para a Educação do Estado de São Paulo. Mas uma greve para deixar as coisas como estão. Para não perder as migalhas. Podemos até dizer para não perder os privilégios, que temos se comparados com outras classes de trabalhadores regidas pela C.L.T. Privilégios estes que talvez amenizem as condições insalubres do trabalho docente, do não conseguir ensinar, das síndromes e doenças emocionais. Quantas vezes já ouvi de professores que estão perto da aposentadoria dizer-me: “Você está novo, não tem filhos, saia dessa, preste algum concurso público qualquer. Mas não fique aqui”. E mais escandaloso ainda: Professores que gastam boa parte do seu sofrido salário para pagar escolas particulares para os próprios filhos. (e sabem de uma coisa.... se tivesse um filho hoje, faria o mesmo para não deixá-lo numa escola estadual).“Grande Hipócrita, poderão me acusar”. Pois admito que não consigo trabalhar de forma satisfatória no emprego que escolhi. E em vez de participar do Sindicato só o critico, já que nestas condições sou contrário à greve, por entender que ela não vai a raiz do problema por entender que, gastando um pouco da minha Sociologia, apenas se adapta à ele, contribuindo com o Grande Sistema Capitalista, que, ao contrário do prevista pela Dialética Marxista, sempre consegue adaptar e superar suas crises (claro, socializando suas dívidas entre todos).Mas vejamos. Tanto a greve do ano de 2005, a de 2007 quanto a decretada agora, foi proposta, votada e aprovada em Assembléia de Professores realizada no Masp, na Avenida Paulista. Ainda que o número de participantes tenha sido tantos mil segundo a Apeoesp, quanto tantos mil segundo o Governo, ele não é representativo, pois somente aqueles professores que são historicamente engajados e previamente favoráveis à Greve tem a disposição de ir à São Paulo, fazer passeata, às vezes enfrentar a polícia. E são estes que votam na Assembléia e decretam greve. Pois quem é contrário a greve não vai à Assembléia.Ai a greve é decretada, deflagrada e difundida, apesar do desgaste provocado pelos 200Km de congestionamento no dia da Assembléia na Av. Paulista. Mas sua força é totalmente pulverizada ante a grande maioria que não participou nem com sim, nem com não da Assembléia para aprovar ou não a greve.Até que o governo jogue algumas migalhas, e então o sindicato se proclama como Vencedor, Vitorioso, Poderoso, e as coisas continuam como estão: Alunos de Ensino Fundamental que não sabem ler, e uma secretária da Educação, com Mestrado na Unicamp e Doutorado na Usp, dando em entrevista na Revista Veja a afirmação de que no seu mundo ideal, ela fecharia as faculdades de Educação da UNICAMP e da USP.Meu Deus Meu Deus, será que nos abandonastes à nossa própria estupidez? E a Educação virou palco do Absurdo?P.S.: A próxima Assembléia está marcada para esta próxima Sexta, 27 de junho. A questão agora é. O Sindicato continuará com a greve, mesmo com o aumento concedido, até que todas suas reivindicações sejam contempladas. http://www.apeoesp.org.br/. Ou, mais uma vez será o mais do mesmo?

Educação ou Barbárie

Revolução??
Uma vez, um amigo disse-me que a Revolução não viria mais pela guerra do Socialismo contra o Capitalismo. Mas viria com a Educação. Fiquei com aquilo na cabeça por anos. Até compreender - quando comecei a dar aulas na rede pública. Que a escola pode ser sim um locus para a Revolução. Ou para o recrudescimento da Barbárie.

Assaltaram o Pelé em Santos: Chegamos ao fundo do Poço

21/06/2008 Isso mesmo. Ao fundo do Poço. Pois quantas vezes já ouvimos de histórias de pessoas (como o fotógrafo Sebastião Salgado), que escapou de ser assassinado em guerras civis pelo respeito que emana no mundo por ser compatriota do Pelé. E mesmo de guerras civis que foram paralisadas para ver o Rei jogar. Não acredita? http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u414772.shtml
Estamos perdidos. Desesperados adolescentes, mesmo depois Dele por a cabeça pra fora e dizer: "Sou o Pelé, Sou o Pelé", apontaram uma arma pra ele e levaram relógios e celular. Provavalmente pra trocar por 5 reais de crack. Uma foto com seu autógrafo valeria mais.
Não é a toa que pegam tanto no pé Dele, depois da sua famosa súplica para que o Brasil olhasse pelas suas crianças, já que depois disso nunca mais vimos um dedinho de ação política contra a tragédia social e racial deste país.

Para um Sentido do Processo Educativo

Educação, educação, educação. Parece que repetir esta palavra, como um mantra vai resolver todas as mazelas sociais deste nosso país.Pois é isso que temos visto na mídia nos últimos meses face à violência bárbara que nos assalta a cada dia. Mas, afinal, será que a Educação tem mesmo esse poder? De que processo educativo estas pessoas estão falando? Talvez de algum projeto alternativo ou de alguma escola da Coréia do Sul, pois, verdade seja dita, dentro da sala de aula de uma escola pública, a história é outra.Vejamos o caso das escolas estaduais de São Paulo: as salas são geralmente lotadas não raro com 40 alunos. Enquanto o ideal não deveria passar dos 20. O professor tem que dar conta, ao mesmo tempo, de um conteúdo formal, (por exemplo, ensinar o Império Bizantino para crianças de 11 anos) e despertar a curiosidade e o interesse deles; correndo o risco de ser taxado de incompetente pelo Estado se não conseguir bons resultados. Além disso, tem que conviver a cada cinqüenta minutos com, se fizermos uma média, 35 alunos, 35 realidades sociais diferentes, diversas e complexas. Alunos brilhantes, alunos irrequietos, alunos retraídos, alunos com necessidades especiais, alunos com grande carência material e afetiva, alunos que, sinal dos tempos, convivem e trazem para a escola a convivência com a violência, as drogas, a banalização do sexo, a falta de respeito – a fome.E ainda há quem se assuste quando ouve que a escola é o reflexo da sociedade.É uma falácia achar que colocar todas as crianças e jovens na sala de aula resolverá a miséria social que destrói o país. Será que é tão difícil para nós e nossos representantes políticos, para nossos formadores de opinião da mídia, por em ação duas ou três medidas mais que óbvias para tornar viável, de fato, o processo educativo em sala de aula?Será que dobrar o número de salas de aulas para que a “clientela” não ultrapasse o recomendado pelo bom senso causaria um rombo nos cofres públicos maior que o desviado em corrupção ou no pagamento de juros? Além de contratar um corpo de profissionais como psicólogos e pedagogos especialistas em educação especial em todas escolas públicas? Se não fosse pedir demais, diminuir a cobrança burocrática por resultados quantitativos dos professores e criar uma atmosfera de trabalho que contemplasse a realidade do aluno, a valorização do trabalho docente, e um sentido de fato ao processo educativo com vistas a um mundo que exigirá formação não só de conteúdo, mas técnico e profissional.

Intricada ligação entre a Crise Mundial dos Alimentos e de Combustíveis e a Ração do Meu Cachorro


Peraí, deixa eu ver se eu entendi!
Até a alguns meses atrás estava tudo lindo e maravilhoso na economia mundial, e graças a isso a nossa também ia bem. Inflação baixa, o Banco Central diminuindo gradativamente os juros de forma responsável, o consumo e o crédito em alta, e os preços dos alimentos quietinhos em seu canto.
Agora graças à demanda crescente de combustível, e as reservas de petróleo nas mãos de uma meia dúzia de Sheiks e outra meia dúzia de governos malucos, que nos faz refém deles – o mundo descobriu a alternativa: bio-combustíveis. E o Brasil na Vanguarda, quem diria.
Aí, os carros movidos à álcool de cana-de-açúcar, deixaram de ser uma moda Retrô, e voltaram à moda com tudo. E dá-lhe ufanismo do governo, da imprensa, dos empresários, dos Verdes. O Brasil, que já é o maior produtor de soja e carne bovina do mundo, também será, finalmente, o país do futuro. Quando o petróleo acabar, ou mesmo antes, seremos o novo Oriente Médio. Mas nossa fonte de energia para o mundo será infinita. E finalmente o Brasil deixaria de vez o seu estigma de agricultura de monocultura (lembram-se, pau-Brasil, cana-de-açúcar, metais preciosos, café....) para ser, de uma só vez o maior produtor agrícola do que o mundo realmente precisa: soja, carne e cana.
E mais, graças a estes três, nossa balança comercial está atingindo a casa dos bilhões ao ano. Ainda que não conheça ninguém que coma tanto soja, como todos comemos arroz e feijão.
Mas tem umas coisinhas que não consigo entender.
Se nós, como Nação, estamos fazendo a escolha de destinar boa parte de nossos recursos (terra, água, suprimentos) para os três, que – mês a mês batem recorde de lucro, então, cadê a minha parte? Eu não recebi um centavinho sequer. Veja bem, não estou falando de por fim à propriedade privada e à livre iniciativa. Mas na dinâmica da Economia Nacional, de alguma maneira eu deveria também participar da divisão dessa riqueza, já que participo de seus custos. Acho que é a mesma lógica, o mesmo maldito jeitinho brasileiro, do Horário de Verão, que a ciclo que finda a imprensa divulga que foi economizado tantos Bilhões. Mas pra onde vai este dinheiro. Alguém aí sabe? Parece aquela história do Chester de Natal. Todo mundo come, mas não conheço ninguém que já viu um vivo.
E essa agora, duvido que alguém me explique. Juro que uso uma camisa do Corinthias por uma semana se alguém me explicar, tim tim por tim tim. (Pois, como todo brasileiro, também faço parte da maior torcida do Brasil – só que torço contra, pois Corithias não tem meio termo, ou simpatia.
A ONU está alertando para um colapso de abastecimento de alimentos no mundo. Lógico, para os países, povos, nações e regiões já historicamente sugadas pelo mostro do Capitalismo. Imagina só se o mundo inteiro consumisse o que os Norte-Americanos consomem. E a culpa, agora, vai ser nossa, por estarmos (fazer o que, votei no Lula, mas não pra isso) difundindo pelo mundo o combustível feito da Cana. Para não ficar pra trás, que não são bobos, os EUA, estão diminuindo sua área plantada pra cultivar milho para fazer combustível. E resultado: por eu ir à casa de ração comprar comida pro meu cachorro, que achei na rua, é bom que se diga, tenho que gastar combustível. Por este pecado, os EUA, o calcanhar de Aquiles da economia universal, tem que deixar de plantar arroz e feijão (ou hamburguer pro McDonalds, sei lá qual é o prato principal deles) pra plantar milho pra fazer combustível. Não entendo nada da cultura do Milho, mas parece que é bem cara. Muitos insumos, fertilizantes,... aí aumenta tudo: da ração pra inchar em tempo recorde o frango da granja, à ração do meu cachorro, que , tadinho, tem que comer bem, né. Ah é, e no meio disso tudo, o nosso pão nosso de cada dia já está custando quase um real a unidade, o arroz já passou dos 10 reais o saco de 5 quilos, a carne de boi, pasmem, está DEZ reais o quilo. Pô, não tem um negócio que diz que quanto maior a produção é menor o preço. Tinha que ser quase de graça.
“Ah, deixa de reclamar, arruma um pedacinho de terra e vai plantar comida”, você pode falar. Assim como todos já falamos desses mendigos, desempregados, maltrapilhos, que ficam perambulando pedindo comida por aí. Pois é, lembra das Capitanias Hereditárias... o Brasil cresceu muito depois daquilo, mas os donos continuam mais ou menos os mesmo. Ai, se eu quisesse arrumar um pedacinho de terra pra plantar meu arroz com feijão e criar umas galinhas, de modo saudável, eu ia ter que entrar no MST.
Mas é melhor não, né. Melhor é eu ficar só falando em rodinhas de esquina, que “onde já se viu”, “tá tudo muito caro”, “você viu o preço do tomate, tá pela hora da morte”.
E eu que coma menos carne durante a semana pra poder garantir a ração pro meu cachorro e garantir o dinheiro do busão pra ir trabalhar. Belo Capitalismo. Os custos são divididos, já os lucros...(E nem a Seleção de Futebol presta mais pra nos trazer uma pouco de felicidade e ilusão).

Crônica Angustiada

Há tempos venho pensando num titulo para um livro que grita por sair de minha mente. Um livro sobre escola, sobre o cotidiano da escola, e tudo o que eu, como professor, com bacharelado e licenciatura em sociologia, mestrando em Sociologia da Educação na Unicamp, e, antes de tudo, um profundo angustiado perante o mundo, sobre como eu vejo, sofro, e penso a Escola no Brasil.
Dos títulos que rotineiramente me vêem a cabeça, para este livro, muitos deles expressam esta minha angústia, outros a minha experiência como professor substituto da rede estadual de São Paulo, outros falam por si próprios: “Crise na Escola”, “Guerra na Escola”, “O livro Negro da Educação Brasileira”, “Professor, Missão: Mediar Conflitos” “Manifesto contra A Estupidez e a Hipocrisia dos Educadores Brasileiros”.
Já expressei por mais de uma vez no curso de Pós-Graduação, para os amigos e irmãs que tem filhos, que se tivesse um filho ou filha, em idade escolar, sobretudo em idade de freqüentar a quinta-série, onde estou dando aula atualmente, de que não permitiria meu filho freqüentar nenhuma escola, seja particular ou pública. E posso dizer isso com conhecimento de causa. Lógico, há heróicas exceções espalhadas pelo Brasil. Mas a escola que falo e penso aqui é da realidade que vivo. Eu e 99% da população, exagerando um pouco.
Na verdade, boa parte dos educadores também compartilha desta minha opinião. Não de modo tão radical, claro. Mas boa parte das cadeiras das grandes escolas particulares de ensino fundamental e médio são ocupadas por filhos e filhas de professores e diretores das escolas públicas. É a mesma lógica hipócrita que é quase uma regra no Brasil: os administradores dos serviços públicos, responsáveis por ele, não são usuários deste mesmo serviço. Tanto é que causaria espanto a gente pensar que um prefeito, um secretário da saúde, o governador, levassem seus filhos aos SUS, ou matriculassem-nos nas escolas públicas mais perto de suas casas. Isso, para mim, é a maior prova da incompetência administrativa, do descaso e da falta de caráter que este agente público tem em relação ao seu trabalho, e da concepção perversa que nós, brasileiros, temos do que é serviço público, do que é política, enfim, do que é a construção de uma Nação que trabalha junto para crescer junto.
Não sei se alguém já se atreveu a fazer uma pesquisa quantitativa e qualitativa sobre isso, sobre esta cultura brasileira de administrar e trabalhar nos serviços públicos mas não ser seu usuário. Mas seria extremamente interessante e revelador do caráter que damos ao sentido de Nação descobrir a porcentagem dos filhos destes administradores e executores dos serviços públicos que usam este mesmo serviço, e além de procurar alguma explicação histórico-social-econômica para esse descalabro. Quem sabe assim tomaríamos consciência do que estamos fazendo com este país, com nós mesmos, e com o futuro.
Mesmo sendo aluno da Faculdade de Educação da Unicamp, tenho profundos pudores de perguntar isso aos meus colegas de pós-graduação, e sobretudo aos professores – elite da educação nacioanl. Quantos deles tem filhos e os matriculam em escolas públicas e particulares. Quantos deles, por uma questão política, por uma questão de honra e de coerência, se recusam a usar da lógica capitalista da livre escolha no mercado, e matriculam seus filhos em escolas públicas, mas ao mesmo tempo procuram intervir para que esta escola seja modelo de uma Nova Escola.
Porém, não esqueço a fala de uma colega da faculdade, que é professora da rede estadual do Paraná, em uma escola que ela própria considera progressista, mas que tem seu filho matriculado em uma escola particular. Além da coragem dela de assumir esta contradição, esta professora apontou algo que pelo menos demonstra um sentido para este ato, a de que na escola particular, haveria um espaço maior para a diversidade no currículo, enquanto que na escola pública, toda a prática de ensino estaria condicionada aos devaneios das políticas partidárias, da própria estrutura do corpo docente, e dos problemas recorrentes da escola pública: alta mobilidade dos professores, projetos políticos pedagógicos imposto pelos governos, e que não tem nenhuma ressonância com a realidade escolar, etc.
Esta é uma grande justificativa, da qual sou obrigado a concordar. Mas a mim só reforça a questão da alienação da intervenção política que nós, agentes deste serviço público, estudiosos e pesquisadores dele, deveríamos ter: assumir esta realidade e levar às últimas conseqüências a coerência entre nossa formação e valores e nossa prática – ainda que manter esta coerência seja lutar sozinho contra o Estado.
Como ninguém luta sozinha contra o Estado, penso que se tivesse um filho em idade escolar, não deixaria ele ir à escola. Procuraria eu mesmo ensiná-lo em casa, e procurar outras atividades paralelas, como esporte, por exemplo, a fim de que se realizasse sua sociabilização que seria a outra finalidade da escola obrigatória. Seria pois, o que vejo nas escolas por onde passo, é um terrível palco de uma sociedade corrompida, onde os pré-adolescentes já são atores.
É muito simples dizer que o problema são os alunos; como nós, professores estamos tão acostumados a pensar. Não que eles sejam santos. Mas nós, professores, não podemos nos redimir de nossa responsabilidade, senão de conseguir realizar uma profunda reforma, pelo menos de denunciar o crime que está sendo cometido à toda uma geração de crianças e adolescentes, que logo serão os adultos deste Brasil, e da qual levarão da escola, que deveria formá-los cidadãos preparados para viver em sociedade e para trabalhar nela de maneira digna, com valores dignos, mas que, ao contrário, está reproduzindo o que há de pior desta sociedade.
Acho que a questão é exatamente esta: a escola está cumprindo a sua função oposta, está desformando, reproduzindo as barbaridades dos valores da sociedade, aprofundando as desigualdades, deixando como último recurso às famílias que tem recurso financeiro levar para bem longe seus filhos desta escola, ainda que na escola particular esta crise também se faz presente, mas sobre outra perspectiva, multiplicando nossa covardia de enfrentarmos o problema de frente, em vez de, enquanto professores, assumirmos nossa incapacidade e matricular nossos filhos em outras escolas, que não seja a que trabalhamos.
Ontem mesmo, em que tive um dia de cão na escola onde trabalho, fiquei tentando compreender de onde vinha aquela histeria quase coletiva de meus alunos de quinta série. E pensando como se portaria meu sobrinho, de três anos, uma das figuras mais interessantes que já vi na face da Terra. Como seria seu comportamento dentro desta escola. Provavelmente, se enquadraria em dois tipos clássicos de alunos: ou daquele aluno que procura aprender, respeita, mas de certa maneira se isola do resto, o que angustia o professor que enxerga nele o seu potencial mas não tem a mínima condição de lhe dar a atenção devida; ou daquele aluno que tem, como diria Ziraldo “macaquinhos no soltão”, mas que de qualquer maneira tornaria-se um problema em sala de aula.
Pretendo, aqui, procurar esclarecer a mim mesmo esta complexa equação que se me apresenta. Equação que na verdade se apresenta a toda a sociedade. Como construir uma escola, um sistema de ensino que possa ao mesmo tempo preparar o jovem para a vida em sociedade, formá-lo como cidadão, ensiná-lo os conteúdos básicos dos diversos campos do saber, mas fazendo isso de modo a da-lhes uma sentido, e conciliar isso com a realidade de vida individual, familiar e social de cada indivíduo, de cada grupo, de cada escola – de modo que a escola sirva efetivamente como mecanismos de equalização das potencialidades sociais – e não como reprodutora de uma sociedade anômica e corrompida, não como uma escola que reproduz o que há de pior na política, na economia, na lógica do livre mercado.
Procurar a resposta à esta equação pode ajudar-me a intervir, futuramente de modo concreto no sistema de Educação. Assim, devo apresentar, paralelo ao texto, lembranças de aulas, de conflitos, de agressões, mas também de boas experiências, bem como o relato de um diário do dia da aula. Acontece que este diário já deveria estar feito, pois não tenho mais a mínima condição de me manter em sala de aula, nestas quintas-séries, com um grande leque de alunos com graves problemas, dentro de um sistema educacional com mais problemas ainda, o que leva ao choque inevitável, onde o mais atingindo é o professor. Seria ingenuidade querer que o aluno de hoje tivesse a mesma relação com a escola que o aluno de duas gerações anteriores a dele tiveram. Isto é, permanecer em fila, quieto, com medo, mas sem reagir. Porque, hoje, eles reagem. A tudo. Á família desestruturada, ao mundo de consumo exacerbado, da qual eles participam apenas como desejosos, da extrema violência urbana, das drogas, e de uma escola que quer pó-los em fila, ensiná-los da mesma maneira que há 30 anos atrás, em tempos que a tecnologia anda quase a velocidade da luz, e sobretudo, com possibilidades cada vez maior de acesso a à todas classes econômicas. É no mínimo muita estupidez, do Estado, da Sociedade, e da classe docente, ainda insistir em manter 30, 40 alunos, quando não mais, nestas condições, na mesma sala. Se todo este caldeirão, ao se misturar, atinge com toda força o professor, lógicamente, ele vai reagir de alguma maneira. Pela minha experiência, reagimos ficando doentes, sobretudo doenças psíquicas – não é raro com Síndrome do Pânico, bem como com uma grande desmotivação e alienação frente ao seu trabalho, que não oferece nenhuma condição de efetivar-se, além de reagir, ele próprio com Violência – mistura essa que produz o fracasso escolar, que produz os índices que vemos divulgado do aprendizado dos alunos.
Assim, não é de se espantar que pais-professores não dêem, na sua maioria, aula para seus filhos. Afinal, eles sabem o que acontece do outro lado dos muros da escola.

Os Filmes de Escola

O que não falta nas Vídeos Locadoras são filmes sobre Escola. Não raro os vemos exibição nas boas Salas de Cinema, menos raros ainda na programação da TV.
Postado por Marcelo às 22:35 0 comentários
Primeira Cena: Um Homem passando a mão na nuca, como que para aliviar o peso de algo que comprime todo o seu corpo. Ele se refaz, e caminha em direção à Classe de Aula.
Assim começa o filme: Entre os Muros da Escola (Dir, .....Franca, 200 ), filme que mostra o difícil cotidiano de um professor de língua francesa e sua classe de sétima série numa escola pública da periferia de Paris.
É inevitável para quem, professor como eu, ir ao Cinema para se ver na tela. "Ouçam a longa história de meus males, e curem sua dor com minha dor; que grandes mágoas podem curar mágoas." diz Camões. Mas não é Mágoa o peso na vida deste professor, como veremos nos 120 minutos seguintes do filme que tenta condensar um ano letivo desta Classe. É um misto de obstinação, desafio, dedicação, frustração. São estes sentimentos que emergem ao longo do filme, que emergem da relação professor-alunos desta Classe, que emerge também das salas de aula de nossas escolas.
A maior fonte dos problemas desta escola em particular é a dificuldade em lidar com a diversidade da "clientela" - alunos filhos de migrantes de ex-colônias francesas, alguns filhos de orientais que vivem ilegalmente na França. Cada um de uma parte do continente, franceses de ex-colonias que são considerados menos franceses que os da Metrópole. Mas todos com algo em comum: a dificuldade em (ter) que se integrar à Metrópole. Ao fato de todos ali serem de alguma maneira os deserdados da terra, aqueles que sofrem com as "Consequências Humanas da Globalização", do Colonialismo do século XIX e XX.
A Escola se torna, assim, o Locus, o ponto de encontro desse embrólio. Uma pergunta percorre todo o filme: Qual o sentido da escola? Pra que ela serve? O que espera as sociedades modernas, o país, os pais, os governos dela? A penúltima sequencia do filme dá uma resposta à isso.
E é nisso que a escola do filme e as nossas escolas daqui (pelo menos as da Rede Estadual de São Paulo) se encontram - a angústia de todos os que nela estão inseridos de dar-lhe um Sentido e uma Finalidade neste Século XXI que ainda trás os problemas e conflitos de séculos anteriores em sua estrutura ao mesmo tempo que é o século sonhado pela ficção científica.
A realidade mostrada pelo filme é extremamente angustiante. Porém, mais ainda é pensar que nossa realidade tem as mesmas questões, guardando-se as especificidades históricas, em dimensões dezenas de vezes maior e mais sérias.
Pra começar: o filme, assim como o livro, tratam do ano letivo de apenas uma classe em particular. Sem submestimar a complexidade desta classe - fruto dos anos de colonialismo francês, mas se for pra comparar...vamos lá: Lá não há nenhum caso de envolvimento com o tráfico de drogas, a classe não é superlotada (tem cerca de vinte alunos) e o stress que os professores sofrem diz respeito aos conflitos somente desta sala, enquanto por aqui a gente tem até quinze. Como disse anteriormente, comparações podem ser feitas, sobretudo porque filme e livro são obras verossímeis, mas tem que ser comparados numa dimensão muito diferente.