Este é tempo de partido, tempo de homens partidos. Em vão percorremos volumes, viajamos e nos colorimos. A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua. Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. As leis não bastam. Os lírios não nascem (...) O poeta declina de toda responsabilidade na marcha do mundo capitalista e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas promete ajudar a destruí-lo como uma pedreira, uma floresta, um verme. ( "Nosso Tempo" - Drummond)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Para um Sentido do Processo Educativo

Educação, educação, educação. Parece que repetir esta palavra, como um mantra vai resolver todas as mazelas sociais deste nosso país.Pois é isso que temos visto na mídia nos últimos meses face à violência bárbara que nos assalta a cada dia. Mas, afinal, será que a Educação tem mesmo esse poder? De que processo educativo estas pessoas estão falando? Talvez de algum projeto alternativo ou de alguma escola da Coréia do Sul, pois, verdade seja dita, dentro da sala de aula de uma escola pública, a história é outra.Vejamos o caso das escolas estaduais de São Paulo: as salas são geralmente lotadas não raro com 40 alunos. Enquanto o ideal não deveria passar dos 20. O professor tem que dar conta, ao mesmo tempo, de um conteúdo formal, (por exemplo, ensinar o Império Bizantino para crianças de 11 anos) e despertar a curiosidade e o interesse deles; correndo o risco de ser taxado de incompetente pelo Estado se não conseguir bons resultados. Além disso, tem que conviver a cada cinqüenta minutos com, se fizermos uma média, 35 alunos, 35 realidades sociais diferentes, diversas e complexas. Alunos brilhantes, alunos irrequietos, alunos retraídos, alunos com necessidades especiais, alunos com grande carência material e afetiva, alunos que, sinal dos tempos, convivem e trazem para a escola a convivência com a violência, as drogas, a banalização do sexo, a falta de respeito – a fome.E ainda há quem se assuste quando ouve que a escola é o reflexo da sociedade.É uma falácia achar que colocar todas as crianças e jovens na sala de aula resolverá a miséria social que destrói o país. Será que é tão difícil para nós e nossos representantes políticos, para nossos formadores de opinião da mídia, por em ação duas ou três medidas mais que óbvias para tornar viável, de fato, o processo educativo em sala de aula?Será que dobrar o número de salas de aulas para que a “clientela” não ultrapasse o recomendado pelo bom senso causaria um rombo nos cofres públicos maior que o desviado em corrupção ou no pagamento de juros? Além de contratar um corpo de profissionais como psicólogos e pedagogos especialistas em educação especial em todas escolas públicas? Se não fosse pedir demais, diminuir a cobrança burocrática por resultados quantitativos dos professores e criar uma atmosfera de trabalho que contemplasse a realidade do aluno, a valorização do trabalho docente, e um sentido de fato ao processo educativo com vistas a um mundo que exigirá formação não só de conteúdo, mas técnico e profissional.

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